Por Fabíola Sampaio*
Como se sabe, o Brasil ainda patina quando o assunto é acesso à água e saneamento. E o que isso tem a ver com as mulheres? Muito mais do que podemos imaginar….
Se a desigualdade de gênero é ainda uma cruel realidade para as mulheres em diversos setores da vida e da sociedade, com a água e o saneamento não é diferente.
Em um país onde a desigualdade social é latente e impõe às mulheres, sozinhas ou não, responsabilidades quanto as necessidades básicas da família, são elas que mais sofrem com a carência de acesso a água tratada e ao saneamento.
Uma grande empresa do setor divulgou recentemente um estudo realizado por uma consultoria especializada, com base nos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e SUS ( Sistema Único de Saúde), sobre o quanto a falta de acesso a água e saneamento impactam a vida da mulher.
Os números impressionam:
– 15,8 milhões de mulheres não recebem água tratada;
– 41,4 milhões de mulheres não tem acesso a coleta de esgoto;
– 2,5 milhões de mulheres não possuem banheiro em suas casas;
– Mulheres sem acesso a água e saneamento possuem renda 66,7% inferior às demais;
– Doenças ginecológicas poderiam reduzir em 63,4% se essas mulheres tivessem acesso a água tratada e esgoto.
E por fim, se hoje água tratada e esgoto fizessem parte da vida dessas mulheres, 18,4 milhões poderiam sair da condição de pobreza em que vivem.
O que vemos é que a prestação precária de serviços públicos essenciais impacta de forma muito significativa na vida de toda a população, mas especialmente na vida de mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Que possamos ir além das pautas não menos importantes, como o combate a violência contra a mulher, igualdade salarial e outras, mas que lutemos também pelo básico, que se acessível às mulheres, contribuirá significativamente para um avanço que terá reflexos em diversas áreas da sua vida doméstica, profissional e social.
Como disse Catarina de Albuquerque – Presidente da Sanitation and Water for All: “ A água contribui para o empoderamento das mulheres”.
Que nossos governantes façam o básico, e que o acesso a água e ao saneamento seja uma política de Estado, para que avance e assim contribua para uma efetiva melhora qualidade de vida da mulher brasileira.
*Fabíola Sampaio é advogada, gestora de conflitos, pesquisadora associada no NIESA – Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Saneamento Ambiental da UFMT, e mestranda em direito na mesma instituição.