Por Bruno Fernandes*

Dados do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Saneamento Ambiental (NIESA), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), apontam situação crítica na disponibilidade de água no Rio Jangada. O rio é fonte de abastecimento do município de Jangada (75 km de Cuiabá). Os dados do monitoramento mostram que a vazão do rio chegou a 0,003m3/s (3 litros por segundo) em agosto deste ano, sendo o menor volume de vazão de água registrado desde agosto do ano passado.

 

O gráfico indica as medidas de vazão de água do Rio Jangada em metros cúbicos por segundo (m3/s) ao longo dos meses.

A vazão mínima necessária para atender a Estação de Tratamento de Água de Jangada é de 15 litros por segundo. Ou seja, seria necessário um volume 5 vezes maior de água neste mês para que a ETA opere corretamente. Os dados levantados pelo NIESA, registram o menor valor de vazão de 2023, no mês de outubro, com 49 litros por segundo. Valor 16 vezes maior que agosto deste ano. Fato que já preocupa a população, e que levou a construção de um dique com sacos de areia para reter parte do volume de água, no ponto de captação de água bruta, próximo à região de abastecimento da ETA.

A tendência é que em setembro o rio Jangada se torne um rio temporário, o que exige da Concessionária de água local, um Plano de Emergência e Contingência, com alternativas de outras fontes de abastecimento e até mesmo racionamento do consumo de água potável.

Projeto de monitoramento da qualidade e quantidade da água na Bacia do rio Cuiabá

Desenvolvido pelo NIESA/UFMT em parceria com o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), o projeto de monitoramento identifica a situação da disponibilidade hídrica nos pontos das captações de água das cidades localizadas na Bacia do rio Cuiabá e que são atendidas por mananciais superficiais.

Nos municípios de Chapada dos Guimarães, Jangada e Nova Brasilândia, a equipe de monitoramento verificou a vulnerabilidade do abastecimento de água em determinadas épocas do ano, especialmente no período de agosto a outubro. A situação crítica pede que planos de ação sejam realizados para evitar o desabastecimento.

 

A equipe técnica responsável pelo monitoramento identificou a necessidade de acompanhamento do nível e vazão do ponto de captação.

“Com esses resultados recomenda-se à Concessionária de água, um estudo alternativo de captação de água no rio Cuiabá, em um ponto estratégico para reduzir distância e elevação de captação, bem como a localização de nova estação de tratamento de água. Outra ação que pode ser iniciada o mais breve possível é a demarcação, cercamento, reflorestamento e recuperação das Áreas de Preservação Permanentes (APP) às margens do Rio, principalmente as nascentes. O terraceamento ou curvas de nível em todas as áreas ocupadas com pastagens ou lavouras, é imprescindível para acelerar o processo de melhoria na disponibilidade hídrica dos córregos e nascentes, mesmo que a médio e longo prazo.” Explica, o Prof. José Álvaro do NIESA.

O Prof. ainda ressalta que tais ações devem ser fomentadas e executadas em parcerias com a Prefeitura Municipal, Concessionária de água, produtores e outras partes interessadas. 


*Assessoria NIESA.