
O Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Saneamento Ambiental (NIESA/UFMT) finalizou sua mais recente ferramenta para disponibilização de dados hidrológicos: um sistema público de monitoramento contínuo da qualidade e quantidade da água em corpos hídricos da bacia do rio Cuiabá. Desenvolvido por pesquisadores da universidade, sob orientação do Prof. Dr. Peter Zeilhofer e com execução técnica da pesquisadora associada Beatriz Sacramento. A plataforma disponibiliza dados mensais do tipo “snapshot” que representam o momento da coleta/medição, obtidos através de campanhas mensais realizadas por meio do projeto Sistema de Gestão e Monitoramento do Saneamento Básico da Bacia do Rio Cuiabá com financiamento do Ministério Público de Mato Grosso.
Tecnologia a serviço do meio ambiente
A base de dados, que começou a ser construída em 2022, reúne informações de 29 pontos de coleta distribuídos nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora do Livramento, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Nova Brasilândia, Jangada e Nobres. Beatriz Sacramento, responsável pelo desenvolvimento do sistema, explica que a ferramenta foi criada na linguagem de programação R: “Desenvolvi um aplicativo interativo que permite filtrar resultados por localidade, período e tipo de análise, com visualização de gráficos e mapas com os pontos de monitoramento georreferenciados”. A estruturação dos dados contou com a colaboração do pesquisador Renato Gatto de Morais, que processou as informações espaciais em ambiente de Sistema de Informações Geográficas.
Desafios e inovações
O processo de padronização dos dados representou um dos maiores desafios do projeto. “Foram mais de 3.600 amostras coletadas desde julho de 2022, cada uma com até 15 parâmetros diferentes, como metais pesados, coliformes e pesticidas”, detalha Beatriz. As coletas seguem rigoroso protocolo: em campo, é medida a vazão superficial, além de variáveis como pH, oxigênio dissolvido e condutividade com sonda multiparâmetro, enquanto em laboratório são analisados contaminantes críticos para a saúde pública. O sistema foi otimizado para processar esse volume de informações sem perder desempenho, garantindo acesso ágil aos usuários.
Impacto e futuras expansões
Com a plataforma, Mato Grosso passa a contar com o primeiro banco de dados público e dinâmico sobre qualidade hídrica na região. A equipe já planeja ampliar a ferramenta, incluindo imagens dos pontos de coleta, relatórios de campo integrados, e dados de outras bacias hidrográficas. Além disso, espera-se incorporar dados espaciais com as infraestruturas de saneamento e abastecimento. “Queremos que estudantes, gestores e comunidades rurais usem essas informações para cobrar ações concretas”, complementa Beatriz
Transparência para a gestão hídrica
A iniciativa do NIESA/UFMT se alinha às diretrizes do Marco Legal do Saneamento e posiciona Mato Grosso na vanguarda da gestão baseada em evidências. O sistema está disponível para acesso gratuito e será atualizado mensalmente, reforçando o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento científico.